Oposição De Direita Ameaça Com Um Golpe De Estado

Corrente Comunista Revolucionária (RCIT Brasil), 18.11.2014, www.elmundosocialista.blogspot.com e www.thecommunists.net

 

No dia 13 de novembro o jornal Estadão publicou a notícia de que durante o processo eleitoral os delegados da polícia federal, que hoje estão à frente da operação lavajato contra a corrupção na Petrobrás, usaram as redes sociais durante a campanha eleitoral deste ano para elogiar o senador Aécio Neves, candidato do PSDB à presidência, e atacar o ex-presidente Lula e sua sucessora, Dilma Rousseff, que disputava a reeleição. Entre outros adjetivos os delegados chamaram a presidente de “anta” ao mesmo tempo em que declaravam que “o comunismo e o socialismo são um grande mal que ameaça a sociedade”.

Esse fim de semana foi marcado pela polícia federal efetuando prisões de empresários de grandes e poderosas empreiteiras, grandes financiadoras eleitorais. Uma mensagem clara está sendo enviada à esse setor da burguesia: “Parem de financiar as campanhas eleitorais do PT!”. 

O PMDB principal aliado do governo Dilma colocou como candidato favorito à presidência da câmara, o deputado Eduardo Cunham numa clara demonstração de que prepara uma possível traição e rompimento com a Frente Popular que governa o país desde 2003. O cargo de presidente da câmara poderá garantir um eventual processo de impeachment da presidenta Dilma.

O ministro da justiça, José Eduardo Cardozo (PT-SP), veio a público este fim de semana denunciado a oposição PSDB de usar as prisões para fina políticos, ou seja, um “terceiro turno”, um eufemismo para um claro “processo golpista”. Mas ao mesmo tempo fica claro que a máquina petista não controla nem o pseudo-aliado PMDB e muito menos a polícia federal.

Dilma está em viagem à Austrália para o encontro do G-20 e bem que tentou não comentar o assunto, mas teve que ir à imprensa nacional para explicar que tudo será investigado, doa a quem doer, porém ela sabe que a dor será sentida principalmente pelo governo federal. Durante os anos de governo Lula ela foi responsável pela gerência de Petrobrás e criou fama de “competente”.

Certa vez nos anos 50, o político golpista profissional de direita Carlos Lacerda, definiu muito bem sobre a possibilidade do ex-ditador Getúlio Vargas ganhar a eleição em 1950, “Não pode ser candidato, se for candidato não ganha, se ganhar não toma posse, se tomar posse será derrubado!”. O mesmo processo está em curso atualmente.

Obviamente a burguesia, principalmente a financeira, ligada ao imperialismo EUA-Europa, sente que não é mais possível aceitar o PT no governo depois de 12 anos.  O governo Lula-Dilma construiu nos últimos anos uma forte relação com o imperialismo chinês e russo. A China é o principal comprador do Brasil. Dilma declarou esse mesmo fim de semana em Brisbane-Austrália na reunião do G-20 que o Brasil é neutro na questão da Ucrânia, na prática dando o maior apoio brasileiro à Putin e ao imperialismo russo.

Um impeachment de Dilma faria o PMDB, através do vice Michel Temer, assumir a presidência e tudo indica que a política pró China e Rússia hoje estará encerrada. Todo esse processo golpista está sendo gerenciado direto pelo imperialismo ocidental, os Estados Unidos à frente.

Neste último fim de semana, pela segunda vez, uma manifestação com dez mil pessoas em São Paulo, de acordo com a imprensa, contra a eleição de Dilma contava com elemento da extrema-direita convocando a volta dos militares.

São poucas as chances de um golpe militar no estilo anos 60-70, porém tudo leva aponta para a construção de um golpe parlamentar no estilo Honduras e Paraguai. Um golpe de direita No principal país da América Latina terá um efeito profundo nos governos da região, com especial ênfase na Venezuela, Equador, Bolívia e Argentina.

Em caso de um golpe de Estado O CCR e A Corrente Comunista Revolucionária Internacional- RCIT terá a mesma posição, como fizeram em casos semelhantes, como os golpes em Honduras (2009), Paraguai (2012). Vamos nos opor a esse golpe e defender o governo contra qualquer tentativa de setores da classe dominante em enfraquecer   ou abolir a democracia burguesa. Mas defendemos a democracia contra um golpe de Estado, não por meio de manobras de bastidores dos líderes reformistas, mas por meio da luta de classes. Por isso chamamos os trabalhadores e os movimentos populares - o PT, CUT, MST, etc. - para mobilizar nas ruas contra o perigo do golpe. É um absurdo que o PT esteja na frente popular, ainda mais agora, quando o PMDB já está abandonando-o. Os militantes de base dos trabalhadores do PT e da CUT devem forçar a liderança a quebrar toda a associação com o PMDB e os outros aliados burgueses e mobilizar para a expropriação de grandes negócios, da mídia, dos bancos, etc, sob o controle dos trabalhadores. É igualmente urgente formar e unidades de autodefesa dos trabalhadores e dos   pobres, a fim de lutar contra os golpistas!

Este é o método marxista da frente única que busca ações práticas conjuntas com o movimento operário reformista contra os ataques capitalistas, a fim de acabar com a frente popular. Ele está em clara oposição ao método deteriorado de frente-popular do jeito que é praticado por vários grupos e partidos esquerdistas, tais como o PSOL (de forma implícita) ou a LC-Liga Comunista (abertamente). Estes setores centristas nas recentes eleições presidenciais chamaram pelo voto a frente popular de PT-Dilma / PMDB-Temer - ou seja, eles apoiaram o mesmo PMDB que agora está envolvido nas ameaças de golpe de Estado! Lenin e Trotsky sempre recusaram a qualquer apoio eleitoral para as frentes populares e isto ainda é correto hoje, como os acontecimentos recentes demonstram.

É urgente a necessidade de construir um partido revolucionário que recusa qualquer apoio a frentes populares e que, ao mesmo tempo desenvolve uma abordagem frontal não-sectária, unidos com os trabalhadores reformistas que em sua maioria ainda estão alinhados com o PT. A CCR está empenhada em construir um tal partido.