Declaração da Corrente Comunista Revolucionária Internacional (CCRI), 13.06.2017, www.thecommunists.net
1. A prisão de Nasser Zefzafi, chefe do movimento de protesto social Al-Hirak al-Shaabi (Movimento Popular), pelas autoridades marroquinas provocou uma série de manifestações de massa. Esses protestos estão localizados na região norte do Marrocos região Rif - na maior parte povoada pelos berberes de Rifian (também chamados de Amazighen) - e em particular a cidade portuária de al-Hoceïma. O regime justifica a prisão de Zefzafi acusando-o de "interromper o sermão de um imã" na oração de sexta-feira em uma mesquita! Desde então, vários outros ativistas do Al-Hirak al-Shaabi, incluindo opositores políticos ao Zefzazi, como a "voz moderada do movimento", Al-Mortada Iamrachen também foram presos. A líder atual do Al-Hirak al-Shaabi, uma ativista feminina de 36 anos e mãe de quatro filhos, Nawal Ben Aissa está, como muitos outros, também ameaçada de prisão. É óbvio que o regime marroquino pretende esmagar o movimento de protesto.
2. A Corrente Comunista Revolucionária Internacional (CCRI) expressa sua plena solidariedade com os protestos em massa que ocorrem em Marrocos. Eles constituem a continuação dos protestos que começaram em 28 de outubro do ano passado em al-Hoceïma depois que as mídias sociais espalharam a trágica história de Mousine Fikri, um peixeiro que morreu esmagado dentro de um caminhão de lixo enquanto tentava bloquear a destruição da carga de peixe dentro do caminhão confiscado pela polícia.
3. A CCRI apoia plenamente as demandas do movimento popular, como por exemplo clamar pela punição dos responsáveis pela morte de Mousine Fikri, bem como de outros manifestantes, exigindo a anulação da lei marcial na província de al-Hoceïma e um por um fim da criminalização de pequenos camponeses, etc.
4. O contexto geral desses protestos em massa é a Revolução Árabe que começou em 2011 e que incentivou as revoltas populares contra os regimes reacionários em muitos países, assim como as condições de vida miseráveis no próprio país. Embora a taxa de desemprego oficial seja de 9 a 10%, na verdade, apenas cerca de 42% da população em idade ativa tem um emprego. De acordo com as estatísticas oficiais, 38,8% dos jovens urbanos não tinham emprego em junho de 2016. Adicione a isso a longa discriminação dos berberes da Rifian no norte do país.
5. Como já explicamos na nossa declaração sobre Marrocos publicada no ano passado, é urgente que o movimento popular aumente a consciência e seu nível de auto-organização para derrotar o regime reacionário e seu "Makhzen" (como é denominado “ estado profundo” no Marrocos). Chamamos os trabalhadores, jovens e camponeses pobres a criarem comitês de ação local nos locais de trabalho, nas escolas, nas universidades e nos bairros. Esses comitês devem organizar assembleias populares regulares e eleger delegados com o objetivo de criar uma liderança militante para a luta. Esses delegados também devem coordenar a luta em âmbito nacional. Como se pode ver até mesmo as vozes tradicionais, religiosas e moderadas, como Al-Mortada Iamrachen, estão ameaçadas pelo aparato estatal. Nem um único sucesso relevante pode ser alcançado pelo movimento se não desenvolver uma forte auto-organização.
6. Ao mesmo tempo, os ativistas devem pressionar os sindicatos, assim como as lideranças dos partidos da oposição, obrigando-os a apoiar esses protestos com seus significativos recursos materiais. Os ativistas devem, no entanto, ter cuidado para não entregar o controle do movimento às lideranças oficiais dos sindicatos. Da mesma forma, não se deve dar qualquer apoio político aos partidos da oposição. Em vez disso, os ativistas devem chamar por uma frente única de todas as forças que estão prontas a apoiarem os protestos. Os ativistas devem lutar por uma orientação revolucionária do Al-Hirak al-Shaabi. É urgente tomar medidas para construir uma organização revolucionária que decorra do movimento e que se encaminhe para se tornar um verdadeiro partido revolucionário dos trabalhadores e dos pobres urbanos e rurais.
7. A CCRI exorta os ativistas a unir os protestos contra o assassinato de Mousine Fikri com a perspectiva da derrubada do regime reacionário por um governo dos trabalhadores e camponeses baseado em conselhos populares e milícias. Eles também devem unir a luta em seu país com as contínuas lutas populares contra as ditaduras e as injustiças em outros países. É importante lutar pela libertação de todos os prisioneiros políticos e pelo fim da perseguição dos ativistas políticos. Nós reafirmamos que a luta dos trabalhadores e camponeses marroquinos faz parte da Revolução Árabe em curso, juntamente com a luta heroica do povo sírio na sua revolução contra o tirano Assad, a resistência do povo egípcio contra o general al-Sisi, a luta firme do povo palestino, bem como muitos outros exemplos.
8. A CCRI envia seus cumprimentos a todos os revolucionários marroquinos e os chama a unir forças conosco na luta internacional por um futuro socialista!
* Pela formação de comitês de ação nos locais de trabalho, escolas, universidades e bairros!
* Por uma frente única de todas as forças para protestarem contra o assassinato de Mousine Fikri!
* Por um programa público de empregos, contra os cortes sociais e pelos direitos democráticos!
* Por um governo de trabalhadores e camponeses baseado em conselhos populares e milícias!
* Por uma única Intifada de trabalhadores e camponeses - de Al-Hoceima, Rabat, Idlib, Tripoli e Cairo a Jerusalém!
Secretaria Internacional do CCRI
Para análises do CCRI sobre a Revolução Árabe, nós recomendamos aos leitores nossos numerosos artigos e documentos relativos à África e Oriente Médio no nosso website (em Inglês): https://www.thecommunists.net/worldwide/africa-and-middle-east/. Em especial nós recomendamos os seguintes documentos CCRI (em inglês):
CCRI: Following the Murder of Mousine Fikri: Solidarity with the Mass Protests in Morocco! 13.06.2016, https://www.thecommunists.net/worldwide/africa-and-middle-east/morocco-mass-protests/
CCRI : World Perspectives 2017: The Struggle against the Reactionary Offensive in the Era of Trumpism, Theses on the World Situation, the Perspectives for Class Struggle and the Tasks of Revolutionaries, 18 December 2016, Chapter IV. The Middle East and the State of the Arab Revolution, https://www.thecommunists.net/theory/world-perspectives-2017/part-4/
CCRI: REVOLUÇÃO E CONTRA-REVOLUÇÃO NO MUNDO ÁRABE: UM CRUCIAL TESTE PARA OS REVOLUCIONÁRIOS, 31.5.2015, https://www.thecommunists.net/home/portugu%C3%AAs/revolucao-arabe/