Informes da Corrente Comunista Revolucionária (RCIT Brasil), 8.6.2014, www.elmundosocialista.blogspot.come www.thecommunists.net
Foi a greve mais duradoura da história do Sinpeem: Exatos 43 dias. A cada tentativa da administração Haddad-PT e Callegari-PSB de acabar com a greve, inclusive fazendo pressões que se aproximavam do assédio moral contra educadores e gestores, só fez aumentar a revolta da categoria, consequentemente, muitos que não estavam em greve acabaram aderindo à luta.
Estava em jogo não só as questões salariais como antigas questões como condições de trabalho e aposentadoria ameaçada. As escolas de CEIs nem intervalo tinham numa jornada de 6h diárias.
A Oposição de Verdade-Chapa 06 foi a primeira e única, a defender que a greve por tempo indeterminado tivesse seu início já na volta às aulas em fevereiro, e mais especificamente defendeu essa proposta na primeira assembleia massiva de rua em 11 de abril, exatamente para não dar ao governo o manter a sua própria agenda centralizada no Forum de Negociação Permanente (patrão –sindicato), o SINP, o qual na prática só serve ao governo como um “Sistema de Enrolação Permanente”. Tal proposta de luta direta imediata não encontrou eco na direção do Sindicato, Claudio Fonseca, mas a direção também contou com a ajuda da denominada Oposição Alternativa-Chapa 02 (que inclui setores do PSTU-PSOL e outros menores) em protelar a luta. Dessa forma, tanto a situação-direção do Sinpeem como a Oposição Alternativa ajudaram a cumprir a agenda do governo.
Porém, com a recusa sistemática da administração em atender às demandas da categoria essas direções foram obrigadas a chamar pela greve da educação por tempo indeterminado em 23 de abril.
A partir de então começou a maior greve já registrada na história do Sinpeem em união com Aprofem, com ampla mobilização e quase 50% em greve, chegando a 80% em alguns dias. Foram assembleias que foram aumentando gradativamente, desde 8 mil educadores até quase 20 mil no seu auge. A administração Haddad-Callegari usou de todas as armas que dispunha para desmoralizar o movimento, como por exemplo, em acordo com a imprensa burguesa, pontuar que a greve era politica, porque supostamente os professores tinham salário de em média 8.000 reais(uma mentira), que as crianças estavam sem comer por causa da ausência dos professores, que não havia dinheiro suficiente, etc. Quando nada disso deu certo cortou o salário dos grevistas, esperando assim arrefecer a vontade de luta da categoria. O tiro saiu pela culatra: aumentou a mobilização e as assembleias aumentaram em quantidade de pessoas e de radicalização. E já com mais de 30 dias de greve, faltando poucos dias para a Copa do Mundo, com várias outras categorias nas ruas também em greve, assim como os educadores professores e estudantes das universidades públicas, com os movimentos contra a COPA fazendo seus protestos, os sem-teto em milhares nas passeatas exigindo moradias e também contestando os gastos exorbitantes com os estádios de futebol, com a possibilidade dos professores estaduais também entrarem em greve, tudo isso estava contribuindo para um processo de unificação das lutas que há muitos anos não se via no Brasil. Além disso, os setores mais radicalizados da radicalizados dos educadores da prefeitura, de forma voluntária, se organizaram para acampar em frente à prefeitura aumentando dessa forma a pressão sobre a administração. Foram heróis que enfrentaram noites frias e pouca estrutura até que a assembleia em votação majoritária obrigou a direção do sindicato a dar apoio e suporte ao acampamento. A repercussão foi positiva inclusive saindo na mídia.
As direções sindicais e o governo sentiram o perigo dessa possibilidade de unificação e começaram a preparar o desmonte da greve. Isso ficou claro quando na assembleia de 30 de maio, com milhares de pessoas presentes, após mais uma rodada de “enrolação” de negociação em que o governo nada oferecia de novidade, a direção do sindicato propõe que a próxima assembleia fosse ir direto à câmara dos vereadores para fazer pressão parlamentar. O setor da Oposição de Verdade-Chapa 06 fez a intervenção contra ir à câmara, pois entendiam que deveriam fazer a assembleia na Avenida Paulista e depois ocupar as ruas em passeata e que era para continuar a dar mais impacto e visibilidade à luta, e que aos vereadores não interessam a melhoria da educação e da saúde, estão lá para defenderem o sistema capitalista. Além disso, foram eleitos com campanhas eleitorais caríssimas financiadas pelo grande capital, portanto nada devem aos trabalhadores. Para surpresa geral quem fez a defesa de ir à câmara foi a chapa 02 Alternativa em aliança com a direção do sindicato –Claudio Fonseca. Nos momentos decisivos a situação majoritária (chapa 01) e a situação minoritária (chapa 02 Alternativa) não são diferentes.
Finalmente na assembleia do dia 03 de junho a direção informa sobre as última propostas da administração Haddad-Callegari para acabar com a greve: Garantiu-se a incorporação do bônus de 15,38% em 3 parcelas, começando em 2015 e terminando em 2016; promessa de aplicar 15 min de intervalos nas CEIs, manter os direitos de aposentadoria da forma como estão vigentes hoje, o pagamento dos dias parados com compromisso de reposição das aulas, O PDE a partir de 2015 com primeira parcela opcional, discutir o aperfeiçoamento do SGP, etc. Em votação a assembleia decidiu pelo fim do movimento, mesmo não tenso sido completo o atendimento das reivindicações.
Fica claro que o governo ficou pressionado pela intensa mobilização da categoria que de forma heroica não recuou diante das pressões e pela proximidade da Copa do Mundo e das outras mobilizações que se somariam à essa luta. Porém, numa análise mais profunda o que se garantiu para todos os educadores esse ano foi os 13,43% que já havia sido assinado pelo ex-prefeito Kassab-DEM, e mesmo a incorporação de 5,5% para o ano que vem não cobrirá sequer a inflação anual que beira os 6% anuais. Os 15min de intervalo para CEIs e a manutenção dos direitos de aposentadorias só poderão ser contabilizados como vitória se realmente forem aplicados em lei.
A categoria saiu com a sensação de vitória, e isso é bom, pois dá fôlego para as inevitáveis lutas que deverão prosseguir nos próximos anos. A administração da Frente Popular do PT em aliança com os setores mais tradicionais da direita burguesa como o PP de Maluf nada tem a oferecer aos trabalhadores a não ser arrocho salarial, privatização, retirada de direitos, etc. Aos trabalhadores só resta resistir e lutar!