Mobilizar pela Solidariedade Internacional com a Luta de Liberação Síria contra Ditadura de Assad! Parar os ataques Aéreos dos EUA, Rússia e França! Não ao Terrorismo do Estado Islâmico!
Declaração da Corrente Comunista Revolucionária Internacional (RCIT), 18/11/2015, www.thecommunists.net
1. A Revolução Síria enfrenta atualmente sua maior ameaça. As Grandes Potências – em especial os EUA, Rússia e França- estão conspirando para liquidar a Revolução síria. Obama, Putin e Hollande desejam alcançar esse objetivo com a ajuda do bárbaro aparato estatal construído durante décadas de ditadura pelo clã Assad assim como pela integração de alguns elementos corrupto entre os setores de oposição síria. Este é o objetivo das negociações que atualmente ocorrem em Viena, no encontro do G-20 e da visita de Hollande a Moscou. A Corrente Comunista revolucionaria Internacional alerta que se eles tiverem sucesso nisso, será o maior golpe Revolução Árabe em geral e à Revolução síria em particular.
2. Enquanto não conhecemos os resultados definitivos das negociações entre as Grandes Potências, existe indicação de dados que mostram que os governantes estão seriamente avançando em um plano de acordo concreto para pacificar a Revolução Síria. Eles entraram em acordo em intervir de forma na Síria e coordenar seus ataques. Eles igualmente concordam com um "período de transição" a durar por alguns meses (o tempo exato está em discussão e varia entre 06 e 18 meses) até que eleições parlamentares ocorram. Há diferenças não resolvidas com relação ao próprio futuro do ditador Bashar al-Assad o qual foi um lacaio de Rússia nos últimos anos – após décadas de colaboração dele e de seu pai com o imperialismo estadunidense. (Guerra do Golfo1991, programas de tortura da CIA, etc.) No entanto, existe um acordo entre as Grandes Potências em manter a maior parte do aparato Baathista – uma casta do exército, do serviço secreto e oficiais administrativo treinados nas décadas de ditadura brutal. Há "discussões construtivas" entre as grandes potências sobre a federalização da Síria ao longo de linhas religiosas e étnicas que poderiam levar a novas expulsões em massa e assassinatos de pessoas "erradas" que vivem nos distritos (como aconteceu na Índia e no Paquistão 1948). Finalmente, Rússia e Estados Unidos elaboraram listas de "grupos terroristas" na Síria, que - de acordo com a agência de notícias - "são em grande parte coincidentes". Isto significa que as Grandes Potências concordam que, enquanto alguns grupos de oposição "moderada" poderiam ser arrastados para o "processo de transição política", a maior parte importante dos rebeldes sírios deve ser excluída e caçados como "terroristas".
3. Qual é o pano de fundo deste novo desenvolvimento? Em primeiro lugar, os desenvolvimentos dos acontecimentos nos últimos meses têm testemunhado um enfraquecimento do regime de Assad, que levou o regime à beira do colapso. A grandiosa intervenção militar da Rússia, juntamente com mais tropas iranianas tenta agora modificar este declínio ao redor. Em segundo lugar, as grandes potências ocidentais - cujas esperanças no passado falharam no sentido de que eles poderiam colocar um lacaio na casta superior do aparelho de Estado baathista que não servisse principalmente aos interesses russos, mas aos interesses ocidentais - estão agora dispostos a colaborar com Putin neste esforço. Eles têm que tirar do balanço que suas táticas passadas na guerra civil síria não lhes trouxeram uma força sólida de apoiantes nem nas fileiras dos rebeldes nem entre o regime. O melhor que eles puderam fazer foi o alistar as forças curdas - incluindo o pequeno-burguês nacionalista do YDG / PKK – (em português Partido dos Trabalhadores do Curdistão) como tropas terrestres na guerra contra Daesh / (em português Estado Islâmico-EI) . Em terceiro lugar, as ondas de refugiados que vão para a Europa têm impulsionado os governos da União Européia-UE a pacificar a guerra civil síria, colaborando com o regime de Assad. Vamos observar brevemente que a UE ignorou completamente a "crise" de refugiados, enquanto os refugiados sírios estavam restritos ao Líbano, Turquia e outros países vizinhos!
4. Finalmente, o desejo das Grande Potências em colaborar na liquidação da revolução síria certamente foi acelerado pelos dois ataques terroristas bem sucedidos por parte do reacionário Salafista-Takfiri Daesh /Estado Islâmico-EI - contra um avião russo no Egito, bem como o ataque em Paris. Ambos os ataques foram dirigidos contra civis comuns e serviram á classe dominante como um pretexto bem-vindo para justificar suas guerras imperialistas. Isto demonstra mais uma vez o caráter reacionário da organização Daesh /EI. Notamos de passagem que 49 organizações de rebeldes sírios - incluindo Jaish al-Islam e Ahrar al-Sham - denunciaram o ataque Paris.
5. O perigo para o futuro da Revolução Síria é acelerado pelo fato de que a própria revolução enfrenta uma crise terrível de liderança. Os rebeldes estão divididos, uma parte de líderes tem sido corrompido e as forças mais fortes são islamitas, incluindo os grupos sectários e salafistas. Este é o resultado do fato de que a classe trabalhadora não foi capaz de desenvolver sua própria liderança durante as décadas de ditadura sob o clã Assad, bem como pela a colaboração vergonhosa dos dois partidos “comunistas” sírios com o regime de Assad. Soma-se a isso a traição da revolução síria pelas forças mais fortes da chamada internacional de "esquerda". Os governos bolivarianos burgueses capitalistas de estado na Venezuela, na Bolívia e no Equador, o Partido da Esquerda Europeia, etc, dos Partido Comunistas da Índia - eles todos, ou apoiaram abertamente o sangrento regime de Assad sangrenta e saudaram a agressão imperialista por parte da Rússia ou tomaram uma posição neutra. Finalmente, o setor de "esquerda" do grupo curdoYPG / PKK também não apoiou a Revolução durante anos e agora não só legitimamente está a defender o povo curdo contra Daesh / EI, mas por outro lado também está a colaborar com o imperialismo norte-americano. Não é de surpreender que sejam os islamitas como as únicas forças significativas que apoiam a revolução a conseguiu ganhar o apoio das massas!
6. O RCIT considera a aparente união das grandes potências como um grande perigo não só para a revolução síria, mas também para a revolução árabe como um todo. Isto é particularmente verdadeiro se somarmos a isso as recentes derrotas da revolução iemenita contra a invasão liderada Arábia e a repressão contínua do povo egípcio pela ditadura militar sangrenta do general Sisi. No entanto, a derrota da Revolução Árabe está longe de ser dada como certa. Há uma série de tendências contrárias: i) a força dos rebeldes sírios e sua oposição a qualquer acordo que incluiria o aparelho do Estado comandado por Assad, ii) a semi-Intifada do heroico povo palestino e iii) a contínua e firme luta de massas do povo do Iêmen e do Egito contra as forças reacionárias.
7. Os desenvolvimentos recentes também demonstraram uma vez mais quanto ridícula é a tese de vários esquerdistas pró-stalinistas é que a Rússia não é uma Grande Potência imperialista. Hoje a Rússia é o estado que realiza a intervenção militar mais forte. A Rússia empreende a maioria dos ataques aéreos e é capaz de usar as forças do regime sírio, bem como tropas iranianas como suas tropas terrestres. Os EUA e a UE - apesar de sua rivalidade com Moscou - foram forçados a se acomodar ao fato de aceitarem Putin como um parceiro para a liquidação da Revolução Síria. Depois de parar Obama em setembro de 2013 de um ataque militar na Síria, e após a anexação da Criméia e de fato a região de Donbass, em 2014 na Ucrânia, o imperialismo russo voltou a demonstrar sua força ao intervir maciçamente militarmente na Síria forçando as Grandes Potências ocidentais a colaborar com ele. Aqueles que não conseguem reconhecer o caráter imperialista da Rússia (e da China) estão perdidos em confusão em um mundo que está cada vez mais caracterizado pela rivalidade das diferentes Grandes Potências - principalmente EUA, UE, Rússia, China e Japão. Eles inevitável mente acabarão nas margens ou mesmo do lado errado das barricadas nas principais questões da luta de classes internacional.
8. Da mesma forma, os desenvolvimentos recentes também mostraram o quanto estúpidos foram esses esquerdistas que fantasiavam sobre o caráter "anti-imperialista" do regime de Assad e as supostas "contradições insuperáveis" entre ele e os imperialistas ocidentais. Na verdade, essas "contradições" sempre foram apenas diferenças táticas que foram aumentadas recentemente pela escolha de Assad à Rússia imperialista que é um rival do Ocidente. No entanto, desde que a Rússia, o Ocidente e o regime de Assad concordem em sua hostilidade contra a revolução popular, tem havido sempre um terreno comum suficiente para um acordo.
9. Quais são as principais tarefas para os socialistas agora? O RCIT considera urgente que os operários e os camponeses se organizem de forma independente de todas as forças burguesas e pequeno-burguesas - isso inclui Exército Livre da Síria- ELS (em inglês FSA) secular (ou seja,não religioso), bem como as facções islamitas. Os Socialistas e Democratas devem apoiar todos os esforços para construir conselhos de trabalhadores e camponeses, assim como milícias populares. Os Socialistas tanto na Síria como em âmbito internacional deveriam se reunir para apoiar a revolução síria e a luta dos rebeldes contra Assad, bem como contra o reacionário Salafista-Takfiri Daesh-Estado Islâmico. O RCIT apoia a resistência dos rebeldes tanto contra todos os imperialistas, os russos, bem como os imperialistas EUA e França. Ao mesmo tempo, os socialistas têm que lutar contra a agenda política da liderança dos rebeldes e tomar medidas para construir um autêntico partido operário revolucionário.
10. Além disso, é fundamental aumentar a solidariedade internacional com a Revolução Síria, o que inclui uma luta incondicional contra a conspiração Grandes Potências bem contra os reformistas, os apoiadores estalinistas e bolivarianos ao regime de Assad. Nós também criticamos fortemente esses esquerdistas que limitam o seu apoio para a revolução síria a alguns pequenos círculos de intelectuais democratas pequeno-burgueses (na sua maioria residentes no estrangeiro) que se encaixam no esquema do "progressista" da esquerda ocidental. É um fato lamentável que a revolução síria esteja atualmente a ser dirigida por forças islâmicas pequeno-burguesas. No entanto, este tem sido frequentemente o caso - nós apenas lembramos a esses esquerdistas para o fato de que a revolta heroica das tribos do Rif liderados pelo islamita Abd el-Krim na década de 1920. Da mesma forma, a luta pela independência argelina conduzida pelo FLN levou a uma série de massacre contra colonos franceses e civis argelinos. (Para não falar da defesa da União Soviética apesar do fato de que a ditadura stalinista massacrou milhões de trabalhadores!) Da mesma forma a revolução espanhola em 1936-39 foi liderada pelos reformistas e estalinistas que defendiam a propriedade privada dos capitalistas e massivamente assassinaram revolucionários operários e camponeses. O RCIT não deixa de apoiar a justa luta das centenas de milhares de rebeldes sírios contra o regime de Assad, bem como não deixa de ser contra as potências imperialistas em função de suas lideranças islâmicas. Apenas covardes pequeno-burgueses, dependendo da "opinião pública" no Ocidente e na Rússia abandonam a luta revolucionária (ou uma greve) por causa de uma liderança errada!
11. O RCIT mais uma vez apela aos socialistas a combinar a solidariedade internacionalista com a Revolução Síria com o apoio contínuo à luta palestina de libertação contra o Estado sionista, à resistência popular contra a ditadura egípcia, e à guerra de libertação iemenita contra a invasão estrangeira pela gangue de Al -Saud. Ao mesmo tempo, os socialistas na Europa devem participar do movimento de solidariedade em favor dos refugiado e lutar por uma perspectiva internacionalista da classe trabalhadora.
12. O mais importante, os revolucionários devem se unir com base em um programa internacional que inclui solidariedade com a Revolução Árabe, a luta pela revolução permanente e pelo poder da classe trabalhadora, e tanto contra o imperialismo ocidental como o imperialismo oriental. O RCIT chama revolucionários ao redor do mundo a se juntarem a nós na luta por um novo partido mundial da revolução socialista!
13. A RCIT conclama aos socialistas autênticos, a todos os trabalhadores e aos pobres e oprimidos a lutar junto conosco para:
* À vitória na Revolução Síria! Abaixo a Ditadura de Assad!
* Não à conspiração grandes potências contra a revolução síria!
* Derrota da Intervenção militar da Rússia, dos EUA e da França!
* Nenhuma intervenção militar da Grã-Bretanha na Síria! Forçar o Partido Trabalhista se opor e mobilizar para os protestos nas ruas!
* Não ao sectarismo reacionário! Abaixo o Salafi-Takfiri Daash (Estado Islâmico)!
* Por milícias e Conselhos Operários e camponeses! Por um governo operário aliada aos camponeses com base em conselhos e as milícias locais!
* Pela solidariedade internacional com os rebeldes sírios e pelo movimento popular! Por uma campanha das organizações de massas da classe trabalhadora e para facilitar a ajuda militar oprimidos para o movimento rebelde!
* Para a solidariedade internacional do movimento operário aos companheiros no Egito!
* Abaixo o sionista Estado de Apartheid Estado! Solidariedade com a luta de libertação palestina! Por uma Palestina livre, Vermelha desde o rio até o mar!
* Defender o Iêmen contra a gangue de agressores de al-Saud!
* Revitalizar e espalhar a revolução árabe que começou no final de 2010! Por uma Federação Socialista do Oriente Médio!
* Solidariedade com os refugiados que vão para a Europa! Abrir as Fronteiras! Por mobilizações de massa contra o crescente racismo tendo como alvos os imigrantes e os refugiados muçulmanos!
* Não ao aumento da repressão estatal na Europa! Cancelar o estado de emergência em França! Nenhumas restrições aos direitos democráticos!
* Avançar na construção de partidos revolucionários no Egito, na Síria e internacionalmente! Pela revolucionária Quinta Internacional dos Trabalhadores!
Secretariado Internacional da RCIT
Para as nossas mais recentes analises sobre a Síria veja:
http://www.thecommunists.net/home/portugu%C3%AAs/defender-s%C3%ADria-contra-russo/
Para nossas analises sobre a Revolução Árabe veja:
http://www.thecommunists.net/home/portugu%C3%AAs/revolucao-arabe/
For other RCIT documents and articles on Syria see ( em inglês):
http://www.thecommunists.net/worldwide/africa-and-middle-east/