Abaixo a reforma previdenciária e todos os ataques dos governos federal e municipal!
Declaración de la Corriente Comunista Revolucionaria - CCR (Sección Brasileña de la Corriente Comunista Revolucionaria Internacional (CCRI), 27 de marzo de 2018, http://elmundosocialista.blogspot.com
Professores de escolas públicas da cidade de São Paulo estão em greve contra a reforma da previdência desde 8 de março. Essa reforma previdenciária foi proposta pela primeira vez pelo ex-prefeito Fernando Haddad (PT) antes de deixar o cargo ao perder as eleições. Agora o atual prefeito da cidade, representante da direita, o milionário João Doria (PSDB), modificou o projeto para uma versão piorada, que inclui aumento das contribuições previdenciárias de 11% para até 19%, e a criação de um sistema de capitalização de fundo previdenciária (Sampaprev) para os funcionários que entrarem no setor público após a aprovação da reforma previdenciária. Se essa reforma previdenciária for aprovada da maneira proposta, ao acrescentar os descontos do Imposto de Renda, os trabalhadores do setor público enfrentarão a perspectiva de que até 46% de sua renda poderia ser descontada, ou seja, quase a metade de seus salários!
Com relação a essa greve até mesmo a mídia conservadora teve que reconhecer que pelo menos 93% das escolas foram afetadas pelo movimento grevista, com quase 50% delas totalmente fechadas - e passados mais de 20 dias esses números não se modificaram. Sem dúvida, esta greve é extraordinária! É a maior greve nos últimos anos com uma participação enorme de professores e outros trabalhadores do setor público (médicos, engenheiros, enfermeiros, trabalhadores de serviços urbanos, etc.) durante a última semana. Foi um exemplo do que é necessário fazer quando a classe trabalhadora enfrenta uma situação na qual eles veem seus direitos fundamentais sendo destruídos.
Na verdade, a reforma da previdência de Dória pretende dar benefícios aos bancos privados e aumentar seus lucros. Assim como a reforma da previdência que o governo Temer não conseguiu implantar, esse projeto leva a uma privatização completa da previdência em nível nacional. Nisto, segue o modelo neoliberal extremo implantado pelo general Augusto Pinochet no Chile durante a ditadura militar nas décadas de 1970 e 1980.
Nós da Corrente Comunista Revolucionária (CCR) consideramos essa greve o evento mais importante da luta de classes nos últimos meses contra as reformas neoliberais implementadas pelo governo golpista Temer e seus aliados. Em suma, nos últimos dois anos e meio, após o impeachment da presidente Dilma, o governo Temer e o congresso empreenderam todos os esforços possíveis para atacar a classe trabalhadora como a reforma trabalhista, a terceirização completa, o aumento da privatização da Petrobras e do setor energético, a reforma educacional, etc.
As lideranças das organizações de massa, dos principais partidos de esquerda e dos sindicatos federais não organizaram uma resistência suficientemente forte e apropriada para lutar contra esses ataques. De fato, os prefeitos de Curitiba e Porto Alegre, no sul do Brasil, e a cidade do Rio de Janeiro já conseguiram impor as reformas previdenciárias contra a vontade dos trabalhadores, mas a cereja do bolo e a mais importante é a rica cidade de São Paulo que tem cerca de 12 milhões de habitantes e quase 120.000 trabalhadores públicos. Em caso de aprovação da reforma previdenciária pelo prefeito direitista João Dória, isso encorajaria o governo federal a impulsionar a reforma da previdência em âmbito nacional logo após as eleições presidenciais de outubro.
É por isso que chamamos todas as organizações de massa para se unirem fortemente nessa luta. Todas as organizações de massas e movimentos sociais como PT, CUT, MST, MTST, PSTU, PCO, PSOL e outras organizações progressistas devem apoiar essas mobilizações com todos os recursos. A vitória dos trabalhadores públicos da cidade de São Paulo será a vitória de toda a classe trabalhadora brasileira!
* Pelo cancelamento da Reforma da Previdência em São Paulo e outras cidades e não à Reforma da Previdência de Temer!
* Pelo cancelamento da reforma trabalhista, da terceirização completa e das privatizações!
* Não à criminalização de manifestações políticas e não à criminalização dos movimentos sociais! A segurança pública não é o papel das Forças Armadas! Pelo cancelamento da intervenção militar federal no estado do Rio de Janeiro!
* Pela criação de comitês de ação em fábricas, sindicatos, bairros, favelas e regiões periféricas em defesa de nossos direitos e contra o governo golpista e contra qualquer intervenção militar! Pela criação de comitês de autodefesa dos trabalhadores e dos pobres nos bairros e periferias!
* Abaixo a disposição constitucional que permite ao exército intervir em questões políticas!
* Por um partido operário revolucionário - um novo partido mundial da revolução socialista! Pela Quinta Internacional!
Informe importante:
Depois que terminamos este artigo veio a notícia de que os veradores retiraram temporariamente o projeto de reforma da previdência (por 120 dias). Oficialmente devido ao fato de que o prefeito não conseguiu apoio suficiente dos parlamentares, até mesmo vereadores de sua própria base na câmara. Ele precisava de pelo menos 28 votos dos 55 existentes. Mas, na verdade, os vereadores sentiram a pressão de 100 mil professores e funcionários públicos que ficaram na frente do prédio até o último minuto. Quando a decisão dos vereadores chegou às ruas, começaram intensas demonstrações de alegria entre a multidão, uma cena inesquecível e emocionante para a história da luta de classes brasileira nos últimos anos.
Todos sabem que esta vitória não é a batalha final, porque o sentimento é de que esta é uma guerra, e apesar de termos uma vitória importante, os professores e funcionários públicos saíram do local e vão voltar ao trabalho conscientes de que é necessário manter a luta e mobilização, e mais o importante, voltam com a cabeça erguida e orgulhosa, pronta para as próximas batalhas. Parabéns, professores e funcionários públicos da cidade de São Paulo. Seu exemplo é um exemplo para a classe trabalhadora brasileira e para a classe trabalhadora de todo o mundo.